13 de dez. de 2009

Entre

Entre nossos lábios, existiu quase nada,
entre palavras, tentávamos nos entender
Entre muros e grades vivíamos nossas vidas,
entre nossas vidas, sem vida, tentávamos viver.

"Entre". Foi assim que me disseste quando cheguei ao se apê.
entre um café e outro, pensava em te perder.
Entre aspas sempre ficavam a nossas conversas,
entre nossos caminhos, uma mágoa, um bem-querer.

Entre tuas pernas tentamos fazer as pazes,
entre lágrimas e sorrisos tentávamos compreender.
Entre a química que nos mexia ou nos comovia,
entre o ceu e o inferno, quase a nos padecer.

Entre o dia e a noite nossa rotina era diferente,
entre pensamentos e pessoas, tentavas me esquecer.
Um existiu ao outro, sempre entre parênteses,
nunca um entre o outro, mas separados, à morrer.

5 de dez. de 2009

Frases & Frases

O Bruxo sempre postou duas vezes por mês, inegavelmente. Mas no quente mês de Novembro não foi possível. Não faltou inspiração, pelo contrário. Inclusive o Bruxo faz umas anotações em seus pergaminhos e vai mostrando aos poucos. Entre idas e vindas com suas mágicas, o Bruxo vai captando idéias e histórias. Disso ele gira o caldeirão e mistura de tudo. Mas certas frases precisam ser mostradas de forma nua e crua. Lendo-as terão uma idéia por onde o Bruxo passou esse tempinho longe do seu caldeirão.

Eis as mesmas:


"Papo reto que é reto não faz curva, certo?"

Captado na região de Ermelino Matarazzo, dito por um Motoboy.


"Antes eles 'passavam' o pessoal e pinduravam nas traves do campinho pra servir de lição... agora eles só pinduram".

Dito por um morador do bairro Jardim Elba, perto do bairro de Sapopemba.


"... ai não pensei duas 'vêiz'. Dei com o pedaço de pau nas costas do cara, depois que ele bateu na minha filha.."

Ouvido na Estrada das Lágrimas, porta de entrada pra Favela do Heliópolis.


"100% 100 noção. Vai 'encará'?"

Lido num adesivo grudado no vidro da frente de um Voyage branco modelo 85 na garagem de uma rua na Vila Campanário, cidade de Diadema.


"Uma vez o cara pegou o 'baguio' comigo e não me pagou. A noite peguei ele pelos 'cabelo 'na casa dele com a 'quadrada' na mão. O 'pleyba' se mijou todo e me pagou certinho, na hora."

Contado por um morador do bairro do Glicério.


21 de nov. de 2009

Pequena Missão

O sol brilhava como nunca naquela manhã de Sábado e ele tentou não ouvir o despertador tocar.

Tilintava como nunca. Seu barulho, por mais fraco que fosse, parecia um carnaval em seus tímpanos. Ele tentando ignorar.

Mas não podia. Tinha outra missão a cumprir.

Acordou sozinho, de novo. De novo ninguém ao seu lado. A quanto tempo estava nessa situação? Três? Quatro anos? O tempo passou para ele, um simples homem de meia-idade sem deixar vestígios de um casamento anterior quase perfeito.

Quase perfeito.

Assim era sua vida.

Era assim que ele pensava na vida enquanto fazia, novamente, seu café preto sem graça, com o mesmo pão e margarina sem graça que dava "Bom dia" á ele todas as manhãs.

Perambulava com o pão na mão pelo quarto bagunçado, desarrumado, ar carregado de cigarro e escuro. Não mastigava direito e procurava seu uniforme de trabalho. Não se importava com tudo aquilo ao seu redor. Sua vida havia perdido o sentido depois do acidente, depois daquilo.

Aquilo, o motivo da sua missão. O motivo do seu divórcio.

O motivo da sua eterna tristeza.

Após engolir o pão mal-feito, deu um gole enorme em seu café e foi direto ao banheiro. Já se sentia acordado por completo. Começou a verificar seu uniforme. Tudo checado, desde a fantasia, até a peruca e maquiagem. Antes de começar a se vestir, olhou para o porta-retratos e viu a foto dele.

Lembranças vieram á sua mente. Anos de felicidade pura destruídos pelo acidente que mudara a sua vida e do seu casamento por completo.

Não existia coisa mais linda. Ele era tudo. Sua vida, seu caminho, seu amor. Não se conformava com sua perda trágica. Seu casamento nao suportou o baque e o divórcio foi o melhor caminho. Ainda conseguia ouvir os gritos da sua ex-esposa chorando pelos cantos da sua antiga enorme casa.

Depois dessa perda, a depressão tomou conta dele. Perguntou a Deus o porquê de tudo isso em suas rezas ao pé da cama e tentou achar o caminho na Fé, mas sem sucesso. O homem engravatado e com microfone bem que tentou, mas nao havia mais nada o que lhe tirar. Em seguida achou conforto no fundo das garrafas de bebida que o acompanhavam nas noites boêmias dessa selva de pedra. O conforto era passageiro, momentâneo, mas a depressão voltava rapidamente. Essas garrafas lhe tiraram seus últimos tostões, fazendo com que ele vivesse nesse pequeno apartamento, no seu pequeno emprego com essa sua pequena vida e sem ninguém.

E o pior de tudo, o tempo não voltava atrás. Sabia que nao tinha volta. Um amigo chegou a lhe oferecer um jeito de apagar a memória. Precisava apenas espetar a seringa em uma das veias do seu braço e ele quase fez isso.

Quase.

E quase estava perdendo a hora. Saiu do seu flashback mental, tomou uma ducha, escovou os dentes rapidamente e começou a se vestir. Seu rosto amassado pela rotina e cansado pela sua dupla jornada de trabalho dava lugar a maquiagem. Branco, azul e vermelho cobriam todo seu rosto. Seu corpo estava todo extravagante com aquela roupa e até uma peruca loira ele colocara. Olhou o relógio e viu que tinha meia-hora para chegar ao local. Pegou seu par de sapatos enormes, o endereço anotado, o molho de chave e saiu do seu apartamento.

Entrou no seu carro rapidamente. Seria ridículo se alguem o visse assim. O único luxo que seu carro tinha era um vidro escuro. Odiava chamar atenção, apesar do seu tabalho.

Durante o caminho a imagem da pessoa que ele havia perdido no porta-retratos não sumia de sua cabeça. Estava preocupado com horário. Não podia chegar atrasado. Nunca chegou atrasado e não seria naquele dia.

Ao chegar no seu destino, viu um homem lhe esperando. O mesmo pediu para que ele fizesse silêncio e entrasse na porta dos fundos. Após entrar, tirou seu tênis e colocou seu sapatos enormes. Era um dia maravilhoso mesmo. O Sol despontava como nunca. Nem parecia que era Outono e já se podia ouvir as vozes no fundo, gritando, fazendo algazarra.

Aquilo era a única coisa que preenchia seu coração.

Antes dele se mostrar, o dono da casa o segurou levemente no ombro e perguntou se não estava esquecendo de nada.

Claro, como poderia. Ele colocou a mão no bolso de sua roupa extravagente e tirou uma bola vermelha, não muito grande e colocou em seu nariz.

Em seguida entrou no quintal e viu todas aquelas crianças brincando, gritando, correndo e se divertindo. Todas estavam esperando por ele. Aquele momento era único, inigualável e sabia que todas aquelas crianças, sem exceção, lembrariam daquilo pro resto de suas vidas, sejam em sonhos infantis ou relances mentais na maturidade. Todas as crianças o cercavam, puxavam sua longa roupa, pisavam no seu enorme pé falso e riam como nunca de sua aparência. Ele deu uma leve olhada para trás e viu o dono da casa parado, encostado na porta apenas com um leve sorriso, mas com uma alegria interna indescritível.

Ele sabia quem era a aniversariante e foi em direção dela. Viu uma menina contente, alegre e extremamente sorridente. Desejou feliz aniversário da forma mais engraçada possível, com um largo sorriso em seu rosto e fez, na hora, um cavalo com os balões que ele tinha em mãos.

Mas o que mais chamou a atenção dele não foi o pai da menina ou a aniversariante em si. Foi um menino na festa, correndo, contente e parou em sua frente. O menino aparentava ter 7 anos e era magro, cabelos pretos lisos, pele branca-alva, um sorriso ímpar e profundos olhos pretos.

Como os seus.

Olhos pretos e sorriso inesquecível como a foto da criança que estava no porta-retrato do seu quarto, impossível de esquecer, como a felicidade que teve em sua companhia e a dor que teve com sua perda, após o acidente.

Seu coração apertou, seu estômago queimou e suas pernas tremeram. Recobrou os sentidos do corpo e vendo aquele rosto parecido e a felicidade infantil cercando todo aquele ambiente, não podia deixar de cumprir sua missão, tão simplista e pequena para humanidade, mas tão valiosa e enorme para seu ser.

Naquele momento, a alegria voltou ao seu coração.

Sua missão estava sendo cumprida novamente e levemente sua realidade mudou.

Levemente voltou o sentido de sua vida.

25 de out. de 2009

Dona Ingenuidade

Um dia essa dona mata o Bruxo.

Por mais que ele tente olhar com os olhos diferentes do que os olhos carnais, se arrepende, assim como ele sabe que pessoas se arrependeram com ele.

E muito.

Meu amigo filósofo já disse: "É justiça Divina! Tudo que vai, volta!"

Dona Ingenuidade se intromete na vida do Bruxo constantemente e sempre nas piores horas e com as melhores pessoas. Dizem que o sobrenome dela é Confiança, mas isso não se pode afirmar com total clareza.

Uma vez ela se intrometeu na vida do Bruxo e de uma pessoa em relação a dinheiro. A Dona Ingenuidade se mandou e, claro, o Bruxo tomou calote maior do que o FMI tomou da Argentina e isso arruinou uma amizade.


Outra vez Dona Ingenuidade, linda e esbelta, apareceu novamente. Fez o Bruxo confiar em outra pessoa e, pra variar só um pouco, o Bruxo segurou o rojão sozinho e ninguém, absolutamente ninguem se sujou com o caldeirão entornando, apenas o Bruxo, que ficou estupidamente ensopado. Dona Ingenuidade saiu de mansinho e ainda prometeu voltar.

Depois de muito tempo livre dela, a devassa da Dona Ingenuidade apareceu novamente. Aí ela fez o Bruxo confiar num sentimento que no final das contas nao existia, mataram bons anos da curta e interminável vida, deram prejuízos financeiros, físicos, mentais e até espirituais do Bruxo. Mesmo ter ouvido todo tipo de xingamento, Dona Ingenuidade saiu rindo, glamorosa e saltitante, com o sorriso no rosto de mais uma vitória.

Mas...

... teimoso feito um jegue manco, o Bruxo abriu a porta de casa para Dona Ingeunidade. Novamente, ela pairou nesse corpo, fazendo com que uma magia tosca dominasse o raciocínio dele. Pra variar, Ingenuidade fez gato-sapato novamente, fazendo com que o mesmo perdesse o final de semana todo e colocasse uma sementinha de uma planta horrível que é ótimo ver crescer, mas geralmente morre e dói ver morrer... dói muito.

Chama-se esperança.

E novamente Dona Ingenuidade some e deixa o Bruxo sozinho, apenas com sua circunstãncia. Provavelmente ela baterá na porta do castelo do Bruxo e duvido que ele não tenha educação necessária de, no mínimo, não recebe-la.

E a voz do filósofo ecoa no chapéu do bruxo:

"Justiça Divina! tudo que vai, volta!"

Infalivelmente, volta.

11 de out. de 2009

As Frestas do Escuro


Viroses, procedimentos, prazos e muita falta de paciência fizeram meus dias parecerem deveras curtos, com semanas demoradamente longas. Devido a essa escassez de miseráveis minutos, o Bruxo está com falta de inspiração nas células e neurônios ocupados demais resolvendo outras dimensões. Tudo isso é muito bom para esse caldeirão virtual, que pode ter a felicidade de ler algo realmente bom e divino, como essa poesia escrita pelo meu irmão do meio.

Enjoy!




AS FRESTAS DO ESCURO

sozinho nas frestas do escuro
com lágrimas a verter no olhar
sinto-me triste e solitário
despedaçado e prestes a chorar

com o pouco que me resta de orgulho
tento manter minha dignidade
mas como, se faço parte do entulho
que está a corroer minha humanidade

a vida dá errado o tempo todo
e quando esperamos a bonança
ela insiste em dar errado mais um pouco
e assim vai embora a esperança

a escuridão é sagaz e mordaz
me acolhe com toda tranquilidade
mas só noto o mau que ela me faz
quando choro e não vejo a claridade

sozinho nas frestas do escuro
um lapso que vem a mim e me domina
eu provo do destilado mais puro
de tudo aquilo que abomina

a lágrima finalmente vai cair
mas ninguém a ouve pingar ao chão
minha alma está toda voltada a sentir
mas ao meu redor somente escuridão

por todos os lados escuridão
o deboche dos malditos traidores
a procura em sair da solidão
que seduz, mesmo com todas as dores

A sedução, que é tão desejada
neste caso é sinistra e difamada
pois deixar levar por tão belos braços
é deitar eterno, dar sua última arfada

o amor que oscila quase morto
ecoa pelos céus tão gloriosos
mas como um eco, é vazio e torto
uma sátira de tempos glamurosos

tudo é só um conto de fadas
que custamos tanto a despertar
do que resta, não dá nem pra folhear
pois da vida não há nada que presta

minha vida se esvai entre meus dedos
eu grito, mas nada pode se ouvir
tudo que faço é assistir
o silêncio trazer todos os medos

sei que posso, sei que devo, mas sei?
a coragem não tem somente um gume
requer um outro, alguém que o leve ao cume
mas quando falha, e agora o que farei?

eu quero...
gritar para o silêncio
embriagar minha alma
perder a consciência
perturbar toda essa calma

eu vou...
correr pra lado algum
voar para o inferno
matar o que é comum
cuspir no que é eterno

pois só assim as frestas vão se abrir
mas estou cansado, cansado de sorrir

o fogo tremula imaturo
e oscila, até que finalmente apaga
e deixa uma alma que naufraga
sozinho, nas frestas do escuro.

Jeff BlackJack




OBS: O cara arrasou, né?

28 de set. de 2009

Os Fantasmas se divertem!

Provavelmente a maioria das pessoas viram esse filme, estrelado por Michael Keaton.

Pois o título desse filme cai muito bem com os acontecimentos no desenrolar dessa última semana.

É inacreditável como as pessoas tem a necessidade de viver a vida dos outros. Fico pensando se é mera mediocridade espiritual ou limitação mental, ao ponto de pensar que isso realmente vai afetar a pessoa que deseja prejudicar. Geralmente esse tipo de atitude é feita por mulheres (calma, sem machismo nenhum, é a mera verdade) mas existe uma pequena grande chance de um homem querer prejudicar outro homem pensando que este tem um contato especial com alguma outra pessoa, algo "a mais" com alguém. Qualquer que seja a atitude para prejudicar, o mesmo torna-se pequena, nao em questões universais-eclesiásticas-moralistas, mas até para o próprio ser. Certas coisas as pessoas fazem e não comentam pra ninguém, ninguém mesmo de tamanha vergonha. Duvido que a pessoa que fez isso disse pra alguém que fez. A vergonha nao deixaria, e detalhe... essa pessoa tem muito mais a perder do que eu.

Não é inacreditável até onde vai a limitação?

Enquanto pessoas e mais pessoas mexem o caldeirão tentando deduzir a estilo Sherlock Holmes quem é o limitado, o bruxo nem pensa nisso, porque os dias ficam cada vez mais longos, intermináveis e as semanas cada vez mais curtas, com prazos, entregas e correrias pra lá de emocionates.

O bruxo até poderia se mexer e mexer o caldeirão pra saber quem realmente fez essa pequenhice, mas como escrevi palavras atrás.... é pequenhice. Não vale a pena me portar como tal nem vale a pena o esforço. Tô aguardando a próxima.

É pequenhice demais.

12 de set. de 2009

Fuga

Ela continuava correndo.

Sua pele negra transpirava não apenas suor, mas pensamentos, os mais diversos possíveis.

Cada passada era um fardo a menos. Cada passo era um marcapasso dentro de si.

Quanto mais corria, mais se lembrava de suas cicatrizes, causadas pelo ex-marido em seu trágico casamento feito as pressas.

Seu cabelo curto, duro e mal cortado mal voava no vento, tão forte, frio e intenso.

Corria mais rápido, corria mais depressa, não corria contra o tempo.

Pelo contrário.

Sua descrença é imediata. Seus pensamentos são uma mistura de amor e ódio. Raiva e desejo.

Desejo de voltar no tempo, corrigir arrependimentos.

Não caía a chuva, mas o céu estava nublado, cinzento, carregado. A garôa pairava sobre o ar, tornando-o cada vez mais frio, mais gélido.

Gélido como seu coração, pulsando apenas por um único motivo.

Motivo de esquecer.

Para poucos, ela era bela. Para muitos, era fera.

Para a mídia, era estatística.

E corria como o vento.

Cada passo martelava uma lembrança. Cada ofegada aliviava um pesadelo.

O frio pairava no final da tarde, mas sua pele negra, cortada, mal-cuidada e suada continuava quente.

Era Ela ou Ele.

Acelerou mais a corrida, mesmo depois de horas a fio. Já havia saído do parque á horas. Já cruzava ruas e ruas tentando ficar cansada, mas o cansaço não vinha, pelo contrário.

Tinha que desafiá-lo, precisava provar a si mesmo que era independente Dele.
Precisava provar a si mesma que Ele não existia.

Ele a abandonara nos momentos mais difíceis.

Para ela, as ruas não existiam faixa de segurança, por mais que as pessoas xingassem.

Não ouvia nada. Não conseguia sentir ninguem ao seu redor.

Apenas seus passos, apenas sua corrida, apenas seu suor.

Fugia de si mesma, fugia Dele.

Fugia da vida, já a muito tempo.

Contra o perdido tempo, contra Ele.

31 de ago. de 2009

Homem de sorte

Que homem de sorte ele era,
quando ela veio, na primavera.
Se ele soubesse o que queria,
com certeza, sozinho, não estaria.

Decepções fizeram seu caminho,
perambulava, como nômade, sem destino.
Se machucou entre pedra e espinho
sua vida era vazia, mero peregrino

Desses trapos fez sua bandeira,
tornou-se a essência do seu ser.
Muitos andam nesse caminho,
sem saber o que fazer.

Que homem de sorte ele era,
na sua vida ela apareceu,
Seu coração não se expusera,
Com o tempo, sozinho, ele morreu.

4 de ago. de 2009

A Pedra Filosofal de nossos dias

Diziam os grandes Alquimistas, principalmente aqueles do Século XIV ao Século XVIII, que existia um objeto de transformar metal em ouro. Esse objeto era a Pedra Filosofal, tanto buscada, pesquisada pelos alquimistas levando a maioria abdicar da sua própria vida para tal feito. Segundo os mesmos, a Pedra Filosofal tinha o poder de transformar qualquer metal inferior em ouro e o mesmo poderia até alcançar Deus. Coincidentemente até meados do Século XX o ouro era, indiscutivelmente, o metal mais importante do mundo. Ou seja, o trabalho dos alquimistas não era apenas ter o contato com Ele, mas a ambição e obsessão de transformar todo metal inferior em ouro, fazendo dessa forma, uma fonte de riqueza inesgotável e consequentemente levando a felicidade.

Li o livro O Alquimista de Paulo Coelho na adolescência e lembro que consta uma parte, não recordando muito bem as palavras exatas, onde um aquimista passa levemente a faca sobre essa pedra para que Santiago (protagonista do livro) tenha como transformar um metal em ouro. Detalhe que no livro Santiago percorreu a pé da Espanha ao Egito para achar essa pedra mas levou como aprendizado todo o conhecimento que adquiriu durante essa jornada.

Pois acreditem, não mudamos em quase nada após séculos e séculos de pesquisas dos Alquimistas.

Ainda hoje procuramos nossa Pedra Filosofal. Essa procura nos dias de hoje não se trata de bem material ou podemos até dizer, financeiro. Nossa busca está no interior humano. Um defeito da nossa essência da alma que nos faz isolar cada vez mais.

Nos dias de hoje, nossa Pedra Fisolofal é o amor de nossas vidas.

Para a grande maioria das pessoas, viver sem esse amor é algo inconcebível ou total loucura. Em busca da Pedra Filosofal de nossas vidas a maioria não pensa no caminho que está percorrendo e muito menos presta atenção no aprendizado que se pode obter disso tudo. Deixo claro que todo calo sentimental é um aprendizado, mas nem todo aprendizado é um calo sentimental. E o pior, quando acham essa maldita Pedra, pensam que podem transformar qualquer sentimento em amor, da mesma forma que a pedra tansforma metal em ouro, o que é um engano estrondoso.

Muitas vezes não percebemos que a viagem em si é melhor do que o ponto turistico e não aproveitamos. Não percebemos que o caminho percorrido é melhor do que o destino, seja lá qual for a Pedra Filosofal que buscamos e nossa obsessão de busca, nossa neura de que não podemos morrer sozinhos nesse mundo é tanta que acabamos implantando uma crista de cavalo, uma viseira lateral invisível em nossos olhos que esquecemos as pessoas ao nosso redor, aquelas que realmente se importam conosco.

O Bruxo aqui já esteve dos dois lados da moeda e no momento ele prefere ficar girando o caldeirão da vida do que ficar olhando a bola de cristal á procurar pela Pedra Filosofal. O caminho do mesmo será o melhor de tudo.

19 de jul. de 2009

Se meu apartamento falasse...

Nessa selva de pedra onde o mundo torna-se cada vez mais vertical, quem nunca teve esse pensamento?

Pois isso já é passado. Assisti um filme com esse nome, por mero acaso. Estava eu no lugar certo, na hora certa, no dia certo, clicando os canais da Tv na hora certa. Isso dias atrás. Hoje acpnteceu novamente.

O filme Se meu apartamento falasse (The Apartment) é de 1960 e teve nada menos de 10 indicações ao Oscar, sendo que ganhou 5, incluindo melhor Filme, Diretor e Roteiro. Estrelado por Jack Lemmon e Shirley MaclLane (indicados ao oscar de melhor ator e atriz, respectivamente) o mesmo é dirigido por Billy Wilder e escrito por ele mesmo. O filme mostra a vida de C.C. Baxter (Jack Lemmon) sendo regida unicamente pelo sucesso profissional, querendo subir profissionalmente na empresa de seguros com 30 mil funcionários em Nova Iorque onde trabalha. Para isso, ele usa métodos nada convencionais emprestando seu apartamento para Chefes da sua empresa onde os mesmos levavam suas amantes, praticamente tendo um revezamento semanal para o mesmo. A vida de Baxter muda de sentido ao conversar cada vez mais com a assenssorista Fran Kubelik (Shirley MacLane). Chega a ser hilário.

A comédia passa a ser romântica quando Fran Kubelik entra em cena e causa certo transtorno ao ser amante do Big Boss da empresa, Jeff Sheldrake (Fred MacMurray), chefe imediato de C.C Baxter devido aos "empréstimos" de seu apartamento. Vale ressaltar que a atuação de Shirley MacLane é impecável. Óbviamente não irei falar mais do filme para não estragar a surpresa.

Além de tratar de uma comédia romântica de primeira linha Se meu apartamento falasse dá pitadas de críticas na sociedade e para sociedade já naquela época. Billy Wilder mostra como o Homem pensa apenas no seu bem estar na sociedade e dentro de uma organização, tanto na parte profissional, chegando a ser bitolado (CC Baxter emprestando seu apartamento aos seus chefes para subir na empresa) quanto na parte amorosa, ou melhor, prazerosa, mostrando os homens levando suas amantes ao apartamento sem nenhum remorso.

Se meu apartamento falasse é um filme feito a 50 anos atrás, mas ainda muito atual para os dias de hoje. Fiquei pensando como seria ter visto esse filme nos anos 60, com costumes totalmente diferentes dentro de uma sociedade altamente consumista. Ainda aconteceriam alguns fatos, como a Guerra do Vietnan, a Revolução Feminista, influencia de Martin Luther King, os Hippies invadindo as ruas, John Kennedy como presidente, a Guerra Fria no auge, o Homem pisando na Lua, ufa!

Não deixem de assistir. São 125 minutos de investimento cultural.

9 de jul. de 2009

Dia desses

A noite estava agradável, mas tudo foi piorando.

Após passar um pouco mais de uma hora bebendo cerveja com um amigo, recebi uma ligação de outro colega avisando que o mercado financeiro estava desaquecendo, tudo estava desvalorizando e o dia amanhã seria bem agitado.

Desliguei o celular, já pensando nos problemas que me cercariam ao acordar.

Me despedi do meu amigo e fui pegar o ônibus. No ponto, algumas poucas pessoas. Uma moça falava alto no celular. Chamava tanta atenção que um rapaz, também no ponto de ônibus começou a olhar pra ela de forma diferente.

A calçada, ainda úmida da chuva, refletia as luzes fortes dos anúncios e outdoors coloridos. Num canto da esquina, um mendigo ajeitava seu papelão e jornal para tentar passar sua noite.

Meu ônibus chegou. Coincidentemente a moça entrou na frente. Era bonita. Entrei em seguida e quase com o ônius partindo, o rapaz que observara a moça entrou no mesmo. Paguei a passagem com meu cartão e sentei quase nos fundos. A moça sentou mais a frente e o rapaz, ainda a olhar a moça e seu celular, sentou dois bancos atrás dela.

Pensei em colocar o MP3 no ouvido, mas achei melhor ouvir os sons da cidade. Nada belo. Apenas sirenes, buzinas, motores e alguns gritos vindos de fora. Alguns poucos passageiros conversavam.

Era a poesia urbana.

Depois de alguns minutos dei sinal. Ao descer do ônibus, reparei que aquele rapaz se levantou e sentou ao lado da moça que embarcou no ônibus. Ficou colado a ela. Rapidamente ela desligou o celular e ficou petrificada. Era tarde demais. Não havia nada que eu pudesse fazer.

Fui andando pela praça molhada pela chuva. Não fazia frio, mas o vento era de certa forma incômodo. Minha gravata estava afrouxada no pescoço e só não voava porque o nó não permitia. Meu óculos ainda ficava com algumas gotas respingadas e minhas roupas estavam tão amassadas que parecia que eu havia levantado de um caixão, até devido a minha aparência cadavérica, mas não magra.

Durante o caminho, vi mais mendigos montando seus lugares pra dormir. Alguns brigavam entre eles. Outros juntavam mais jornal e mais papelão. Um deles, com um pedaço de madeira na mão, dava ordem aos demais. Outros gritavam ao redor de uma lata ardendo em fogo por dentro, rezando, orando, dançando, algo do gênero. Um deles olhou pra mim de forma gelada. Devido ao meu preconceito e até certo ponto instinto de auto-preservação, fiquei alerta, mas nada aconteceu. Continuei a andar.

Desci ao metrô. Perto da escadaria um jovem casal apaixonado se beijava ardentemente. Não lembrava mais a quanto tempo eu tive aquilo. Eu não lembrava mais o que era esse desejo. Do outro lado duas mulheres tentavam trocar carícias, andar de mãos dadas, mas se continham devido aos olhares alheios. Vi um livro que me interessou na máquina de Best-Sellers mas o trem havia chegado. Entrei no mesmo instante.

O trem, quase vazio, parecia um refúgio mental para os passageiros. Nessa hora decidi ouvir um pouco de música. - A poesia urbana está lá fora, não aqui dentro - pensei. Foi aí que uma moça, bem mais nova do que eu, sentou quase do meu lado, desnecessariamente. Reparou na minha pasta, na minha roupa social amassada e principalmente no meu crachá descuidadamente dentro do bolso da minha camisa. Começou a perguntar coisas sobre mim, sem nenhum compromisso ou vergonha. Com uma barreira mental novamente, fiquei alerta. Olhei ao redor se mais gente estava com ela, mas na hora senti vergonha de mim mesmo. Era apenas uma adolescente sozinha, querendo conversar. Era nítda sua carência, sua necessidade de ser ouvida e de dialogar descentemente.

Conversamos a viagem toda. Da estação que eu peguei o trem até meu destino eram cinco estações. Ela perguntou tantas coisas, conversamos tanto que nem dei conta de que eu precisava descer. Quando cheguei na minha estação, levantei abruptamente e ela perguntou se podia ficar com o número do meu telefone. Respondi a ela: - Nos encontraremos novamente e conversaremos mais - . E saí do trem em direção a saída da estação, olhando pra trás seu rosto de desapontamento.

Há muito tempo eu não tinha uma mulher pra mim mas não queria dessa forma. Preferi deixar ela sonhar, afinal, hoje em dia é tão raro. Quem sabe o destino nessa selva de pedras não faça sua parte?

Saí da estação de metrô e vi duas ligações perdidas no meu celular. Uma era de um número desconhecido. Outro era do meu chefe. Preferi ignorar os dois.

Cheguei no prédio onde moro e econtrei com meu vizinho na portaria. Ele saindo e eu entrando. Era um pouco mais velho do que eu, mas em boa forma. Falei um "tudo bom" e ele apenas mexeu a cabeça positivamente. Eu o vejo a 6 anos todos os dias e sei absolutamente nada a respeito dessa pessoa. Aliás, sei absolutamente nada de todos os habitantes do prédio onde resido.

Abri a porta do meu apartamento e o mesma se encontrou totalmente escuro. Parecia uma catacumba. Nem meu gato de estimação veio me fazer companhia. Até ele me abandonou. Joguei a pasta no sofá e a gravata na cadeira da mesa de jantar. Era estranho estar sozinho novamente. Já estava acostumado com a presença dela. Era esquisito não sentir o aroma do seu perfume, nao ouvir sua voz no fundo da casa ou até mesmo suas broncas repetitivas e enfadonhas com sua voz renitente.

Era mais estranho ainda querer todas essas pequenas coisas novamente.

Não sentia fome para jantar. Meus amigos comentaram que eu havia perdido um pouco de peso. Após esquentar a água para fazer um café, meu celular começou a tocar. Por um momento, por um fio de esperança, pensei que era ela. Vi o número e o nome piscando no celular. Era outra pessoa, outra mulher me ligando, bem mais linda e atraente mas muito menos interessante. Não era ela. Não me interessava. Nesse momento senti uma falta enorme de sua companhia, mas me controlei.

Seria difícil dormir naquela cama enorme sozinho de novo.

Respirei fundo. Aos poucos estava me acostumando com essa sensação. Voltei a sala, coloquei a xícava de café com leite e adoçante na mesinha e desabei no sofá. O mesmo ainda tinha o cheiro dela. Isso era tortura. Peguei o controle da televisão e liguei o mesmo. Minha mente estava vazia e nem um pouco afim de ser preenchida.

Então, antes de dar uns goles no café e adormecer no sofá, acabei assistindo uma parte do telejornal, passando quase tudo aquilo que eu acabara de ver nas ruas.

Tudo igual, mas de formas diferentes.

21 de jun. de 2009

Igual a solidão

Não me interessa o que foi impresso,
só me interessa do escrito a mão.
Não me importa se mostrou o que sentes,
me dediquei agora a solidão.

Não importa o que ligam ou pensam,
pra mim tudo isso é normal.
Depois da palavra dita,
tudo ao redor fica tão banal.

Não me interessa se foi digital,
me interessou o que escrevestes a mão.
Já não me importa se foi virtual,
tú nunca medistes coração.

Soube de tudo que você sentia,
longe daquela multidão.
Em plena luz de velas,
quase na escuridão.

Igual a solidão.

OBS: Tudo isso foi escrito há muitas e muitas estações atrás.

6 de jun. de 2009

Cinzas da Guerra

"...
Depois de toda crueldade e frieza feita, entrei no forno.

carregada por pessoas da nossa própria gente.
Sem poderem lutar ou protestar contra algo, me colocaram adentro.
No forno, virei cinza.
Escapando pelas chaminés céu adentro.
Geralmente a noite e estrelado.
Me misturava com outras cinzas, de outras pessoas da minha gente.
Todos saindo do mesmo forno, da mesma chaminé, minutos antes e depois.
Misturados, caíamos novamente no mesmo forno, pairando no uniforme das mesmas pessoas que nos colocaram lá.
E devagarzinho, penetrávamos em suas narinas, em seus pulmões.
Começaram a tossir, mas foram se acostumando com as cinzas.
A tosse começou a ficar mais leve, quase imperceptível.
Foram se acostumando com as cinzas, se acostumando conosco, com o forno e a chaminé.
Foram se acostumando com tudo aquilo."

Essas são as últimas frases do filme "Cinzas da Guerra" produzido em 2001.
Trata-se de um filme muito bom, utilizando-se poucos recursos (5 milhões de dólares) e retrata o dilemea de um patologista judeu entre ajudar seu povo ou sua famíla dentro do campo de concentração de Auschwitz. O roteiro e direção são de Tim Blake Nelson e o título original chama-se "The Gray Zone".

Dia 06 de Junho de 2009 faz 65 anos que aconteceu o Dia D. Era o começo do inferno para uns e término do inferno para outros.

28 de mai. de 2009

The picture of Dorian Gray

Sometimes I look to the sky,
and I try to see my mind, my days.
When I close my eyes, it's awfull,
Even though to me they're so dark, so gray.

The people around me are so selfish,
they don´t think of love, like these days.
They look into at the mirror, but don´t see,
in front of them, the picture of Dorian Gray.

Only in these days, I try to stay alone,
maybe I can think of someone different, someday.
I don´t want nobody so close to me,
I would like to stay alone these days.

The dark side is around of my mind,
and persist, like peccansy, and stay.
I don´t want to see myself in the mirror and think:
"It looks like the picture of Dorian Gray."

OBS: Para entender melhor é recomendável ler, no mínimo, uma resenha do livro "O retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde. Tive uma colaboração do meu irmão caçula para elaboração do mesmo
.


5 de mai. de 2009

Inerte

Das folhas que o outono levam ao chão,
minhas esperanças vão e vem,
caem como bigornas as vezes em vão,
minha frente vejo folhas, mais ninguém.

Da pluma levada pelo vento sem fim,
meu destino segue indefinido, sempre.
Contento-me com a clareza do inesperado,
prejudicando-me, elogiando-me, em frente

Da poeira jogada ao espaço, sem destino,
minha vida vaga sem lógica ou sentido.
O acaso é o terror da razão, sem dúvida.
A razão que nunca me deu ouvido.

Nessas noites mornas e vagarosas,
meu espírito transcende meu corpo, liberte.
tento fugir mas não consigo,
Tento viver e morrer, inerte.

OBS: Escrito há exato 1 ano em um das noites da Alemanha.

16 de abr. de 2009

Acabou!

Finalmente acabou o dia!

Por um momento, pensei que o dia 15 de Abril de 2009 jamais finalizaria.

Certos dias precisam ser esquecidos mas esse, em especial, precisa ser lembrado como o fundo do poço.

Será que foi?

Nunca fui tão mal no serviço como hoje. No ramo em que o bruxo atua, Deus praticamente não existe. Não adianta rezar, orar, resmungar. Precisa executar, na hora, no ato, as vezes no puro instinto. Mas hoje foi totalmente exceção. Uma informação transformou tudo. Em 2 minutos fui do céu ao inferno. Parecia que o tinhoso estava dançando ao lado do caldeirão vermelho borbulhando, segurando seu tridente, olhando pra cima gritando: "E aí, vem ou não vem?"

Olhei para baixo e quase fui. Mas o bruxo anda cada vez menos metafísico e mais fisico. Então, fiquei. Mas que deu vontade de ir, deu.

Para tentar esfriar a cabeça terminei meu expediente mais cedo. Fui visitar um amigo e fui de carro. Mas, para variar, o mesmo me deixou na mão, pq não tinha gasolina. Eu sei, eu sei. Tb perguntei a mesma coisa. Mas aquela famosa lusinha "Piscou, fodeu" ferrou comigo, pq não acendeu. Resultado? Ficamos a ver navior, ou melhor, o trânsito. Sorte que a fubica parou pertinho de casa.

A cereja do bolo foi ligar a televisão, coisa rara que ando fazendo e perder duas horas para ver meu time perder pela segunda vez seguida, outra coisa rara.

Sem contar que durante o dia inteiro só pessoas que eu desejava não ligar, me ligaram.

Era pra dar tudo errado hoje. Lembrei daquela letra do Lobão. Em muitos momentos, caia muito bem em mim:

"Indefinível.... Só não tente se matar, pelo menos essa noite, não."

8 de abr. de 2009

Depressão porque?

Nascemos de carne, mas precisamos viver como fôssemos de ferro.

Sigmund Freud já sabia disso antes de muita gente, isso no século passado.

E hoje pessoas tem depressão, sem auto-estima com pouco amor próprio.

Chega a assustar.

Essa frase de Freud nunca foi tão verdade como nos dias de hoje. Nessa década desse novo milênio, pessoas estão mais sozinhas, egoístas e tristes. Pior, por opção. Mesmo nesse mundo cheio de gente, algumas poucas interesssantes, as pessoas estão preferindo se isolar. Convenhamos, é a opção mais cômoda.

Aí vem o ser-humano tentar criar uma cura pra tudo isso. Pra variar, complicamos. Tentamos ir pelo caminho mais curto. Inventamos pílulas revolucionárias, tratamentos de motivação e seja lá o que for para tentar curar essa nossa tristeza urbana, medonha e doentia.

Outro dia vi na Tv um tratamento contra depressão onde o paciente era picado por abelhas nas costas, perto da coluna cervical. Segundo o médico, a picada da abelha libera uma substância que faz o cérebro agir com maior facilidade, fazendo com que o estado psicológico da pessoa mude consideravelmente.

O coitado do rapaz tinha mais de 10 picadas de abelha nas costas. Chegou a parecer o corcunda de Notre Dame. Ficou todo contente com um sorriso no rosto, fazendo sinal de positivo.

Não satisfeito, vi também na televisão um tratamento onde implantaram um chip dentro da cabeça da paciente dando micro-descargas elétricas na caxola da moça. O estado de humor da paciente melhorava a cada descarga elétrica. Chamavam de marcapasso cerebral.

A paciente, mesmo com a cabeça toda aberta e cortada, aprovou o método na hora, dando um largo sorriso também.

A saideira foi ver inventores japoneses criando cachorros-robôs para aumentar a felicidade das pessoas. Quem se apegavam mais aos bichos eram mulheres e crianças, lembrando aquele famoso bichinho virtual chamado Tamagoshi. Quem não lembra?

É mais fácil de cuidar. O bicho não defeca, não urina, só late ou mia quando vc quer, não enche o saco bastando apenas apertar o botão off para fazer o danado calar a matraca. Dando menos trabalho a pessoa fica mais feliz.

O pior não foi ver as pessoas acariciando os bichos de plástico com pêlos sintéticos com o maior amor do mundo, e sim ver os cientistas afirmarem que aquele era o futuro, era a tendência das pessoas. E ai de alguém se disesse que aqueles bichos eram "apenas" robôs.

Por mais que doesse ouvir aquilo, os cientistas estavam certos.

Sem contar as inúmeras terapias com psicólogos que te prendem por anos e anos, terapeutas, florais, insensos, meditações, super-híper-alimentação balenceada e... ufa! Cansa! Alguns desses métodos resolvem parcialmente, nisso eu concordo, mas algumas pessoas ficam pior porque acabam se achando mais lunáticas, o que não é verdade. Acabam achando que aquilo é extremamente necessário para ficar "curado" e até certo ponto, acaba sendo um belo de um efeito placebo sem perceber.

Sem querer todos esses tratamentos viciam. A pessoa fica dependente.

Enquanto isso, todo mundo, inclusive o bruxo, esquece de uma simples coisa.

Olhar pra si mesmo.

Provavelmente não é o melhor tratamento do mundo, nem o mais eficiente, mas tentar conhecer a si mesmo é, sem dúvida, o melhor começo antes de partir para a tão absoluta ciência ou tratamentos naturais-flagelantes com um pingo de Hippie na alma, achando que tudo natural faz bem, sem questionar. Algumas pessoas realmente precisam de ajuda. Isso é fato. O ser-humano felizmente não é exato e cada caso é um caso. Muita gente não tem noção do mundo que o cerca e nem do mundo que não o cerca. Alguns são eternos insatisfeitos, outros estão clinicamente doentes, outros são Emos por opção, outros tem falta de sexo, mas todos se entregam aos outros sem botar um pingo de confiança em si próprio, o que é trágico.

Ahhh, se as pessoas olhassem pra si mesmas. Fechassem os olhos, esquecessem o barulho, não dormissem e por alguns instantes pensassem em tão quão afortunadas elas são.

Se fizessem isso, esse bruxo com certeza não precisaria dar um tapa com luva de pelica e provavelmente não escreveria essa brochura virtual pra se ocupar e preencher o vazio em seu peito.

1 de abr. de 2009

Jurei

Jurei nunca mais falar contigo.
Deus é testemunha.

Jurei te criar em meus piores pesadelos.
Meus sonhos são as provas .

Jurei jamair citar sua pessoa.
Pessoas são cúmplices dessas palavras.

Jurei não cogitar sua existência.
Meu travesseiro foi quem mais ouviu isto.

Jurei te eliminar de mim, como uma doença.
Minha rotina presenciou essa cura

Jurei não ter mais carinho por você.
Meu raciocínio foi meu principal mentor.

Jurei não te lembrar mais,
Meu passado, deletado, procurou o futuro.

Jurei jamais te adorar.
Rancor foi o único sentimento que consegui encontrar.

Jurei não mais derramar lágrimas.
Meus olhos, secos, se negam a chorar.

Mas meu coração,
meu fraco e patético coração,
não.

21 de mar. de 2009

Abençoado Outono!

Finalmente, desligaram o forno.

Todos falam que apenas brasileiro gosta de calor. Isso é uma grande bobagem. Na verdade quase todos os seres-humanos adoram tempo quente, aberto, sem chuva. Vi isso na Europa. Com exceção do tiozinho aqui, que não abre mão de um tempo ameno, cinzento, friozinho, garoando. Não é a toa que o bruxo sempre vem a tona nessa época do ano. Finalmente posso exibir minha pele branca opaca, andar de calça, não fugir mais do sol e usar menos óculos-escuro.

Sim Juvenal. Sei que sou bem estranho, mas convenhamos, o Verão deixa as pessoas fora de si. Porque cargas d´agua as pessoas ficam mais eufóricas, empolgadas, vagabundas e misteriosamente, inventam desculpas pra tudo deixando tudo pra amanhã?

Vai saber.

O Outono não é uma simples estação. É o enceramento do ano anterior. Aquele êxtase de Natal, final do ano e carnaval literalmente encerra-se. Finalmente o ano começa de verdade. As pessoas se concentram mais, levam os assuntos, por mais medíocres que sejam, mais a sério e trabalham mais, por mais estranho que seja.

Sou careta. Disso ja me conformei. Quanto mais escrevo essas maluquices aqui nessa brochura virtual, mais as pessoas se afastam. Teve um trio que chegou a não só me chamar, mas me julgar de doido. Adorei.

Continuando nesse rítmo separo bem as águas que me cercam. Chega de água salgada. Sou marinheiro de água doce mesmo e com orgulho. Tudo devido ao Outono.

O que mais adoro no Outono nem é tudo isso que acabei de escrever a pouco, e sim o fato das pessoas começarem a agir normalmente. Quase todos deixam sua origem símia em casa, seu instinto animal diminui gradativamente e os hormônios dão lugar a pensamentos de possíveis consequências pós-mera-casualidade.

Dessa forma, machuca-se menos gente.

Mas apenas no Outono.


15 de mar. de 2009

A sensibilidade da Vida

E ele continuou ali, parado.

A chuva continuava a cair em seu capecete. Segurando seu fuzil, sentia os braços pesados e cansados devido ao peso. Seus dedos pareciam enferrujados. Doíam constantemente. As vestes molhadas contribuiam para que esse cansaço aumentasse, deixando seu uniforme mais pesado.

Suas pernas apenas rastejaram seu corpo para aquela trincheira, tão imóveis, estáteis e até certo ponto, trêmulas.

Seus pensamentos o abandonaram, fazendo com que sua mente apenas se concentrasse nas balas que vinham em sua direçao, no suposto inimigo que o odiava.

Enterrou seu rosto na terra. Zunidos de tiros raspavam seu capacete sendo utilizado apenas para ouvir-se o tilintar das gotas pesadas.

Era noite. Não via-se um palmo a sua frente. Via-se apenas raios amarelos cruzando as trincheiras, de um lado a outro. Alguns eram certeiros, outros tinham o destino de Deus de errar homens. Seus companheiros estavam ao seu lado, gritando e berrando sem parar, chamando seu nome em vão.

Não conseguia distinguir uma voz.

Não conseguia distinguir uma palavra.

Não conseguia distinguir tudo aquilo.

E pensou: "Afinal, porque eles são meus inimigos?".

Mesmo assim, no meio de tantos gritos, berros e tiros, ouviu a ordem de seu sargento para avançar.

Hesitou por milésimos de segundos. Sua vida passou toda em sua cabeça. Sentiu a vida pulsar em apenas uma decisão, sensível como um fio de seda entregue nas mãos do destino. Viu seus companheiros avançando. Estava tudo escuro. Ninguem via ninguém.

E avançou quase em seguida. Podia sentir as balas raspando em seu uniforme. Podia ouvir alguns amigos, com quem aprendeu a a conviver durante anos, caindo ao seu lado, esparramados. Na corrida pela vida, olhou para seu lado esquerdo e via vultos de homens correndo desesperadamente, alguns continuando, outros caindo aos poucos, mas todos tentando.

Lá, ele era apenas número. "Um terço do pelotão morre no caminho em um ataque como este, Em compensação, o inimigo jamais espera tamanha loucura." dizia um amigo dele numa conversa de bar.

Suas pernas tinham vida própria e seus olhos enxergaram coisas que jamais enxergariam em situações normais. Após pular a trincheira inimiga, miraculosamente não encontrou nenhum soldado para lhe atacar.

Pegos de suspresa, todos estavam sendo massacrados pelos seus amigos. Após não conseguir ver bem quase nada, podia muito bem ver alguns de seus amigos atacarem com a ponta de suas baionetas ou dando tiros a queima roupa.

Podia muito bem sentir a dança da morte, tão perto da sua alma.

E sem apertar o gatilho, ouvindo o desespero de homens sendo mortos, deixou cair seu corpo debaixo de uma árvore e sentiu a sensibilidade da vida.

Seus lábios começaram a ficar trêmulos. Lágrimas escorriam de seus olhos cansados, inertes e vazios.

E chorou.

Em prantos com as mãos no rosto igual a uma criança, chorou.

10 de mar. de 2009

Depois de uma volta ao Sol.

Exato 1 ano atrás comecei a fazer esse brog. Até hoje me pergunto como consegui manter o mesmo. As vezes cansa, as vezes não tenho inspiração e as vezes confesso que essa brochura atrapalha e sei por intuição e rastros deixados que essa brochura causa fofoca.

Mesmo assim dou a mínima.

Fato é que mensagens telepáticas virtuais de vez em quando chegam aos meus olhos e, pásmem, ouvidos, como se me importasse quem fala de quem ou aquele fulano acessa seu blog.

Para felicidade de poucos e infelicidade de muitos, continuarei postando. Sem rítmo certo, sem prazos ou regras. Será no rítmo da metamorfose ambulante.

Todas as pessoas no mundo cansam, até o bruxo. Quem sabe ele queira trocar a brochura por outra coisa?

Quem sabe.


4 de mar. de 2009

Decisões

Há um ano atrás, fiz coisas que até Deus duvida.

Nem meus pais acreditaram de inicio quando contei.

Tomei decisões que não deveriam ter sido tomadas.

Há um ano atrás coincidentemente abri portas com pessoas inacreditáveis.

Dessas, poucas mantiveram contato.

Dessas, raras eu mantenho amizade.

Há um ano atrás fechei janelas com mais um tunhado de pessoas, que me dói no peito só de imaginar.

Devido ao acontecimento citado por mim anteriormente.

Hoje, estou tomando uma decisão que pode mudar totalmente o rumo da minha vida e, dependendo, de mais pessoas.

Mas são essas decisões que fazem a vida ter graça.

Melhor se arrepender tentanto do que esperar a morte chegar.

28 de fev. de 2009

Será que vc entenderia?

Será que vc entenderia que se eu ficasse ao seu lado,
de nada adiantaria,
te machucaria,
nos magoaria.

Será que vc entenderia que se eu tentasse permancer,
nada iria acontecer,
não haveria o que fazer,
iríamos padecer.

Cedo ou tarde chega o dia, pq há um tempo certo para tudo.
Há um tempo certo para começar e trilhar novos caminhos.
Existe um tempo certo para começar, mas nunca para terminar.
Ou existe para terminar e não para começar?

Será que vc entenderia que esse tempo é fundamental?
Por mais que te faça mal.
Por tudo aquilo banal.
Parece tolo, mas é crucial.

Para mim, para você, para todos.

Será que vc entenderia?

Ou apenas estranharia?




20 de fev. de 2009

Carnaval

Carnaval carnaval...

carnaval...

Como eu odeio quando chega o carnaval.

Essa falsa festa, essa alegria contagiante que só vem nessa data... é esporádico demais.

Porque as pessoas só ficam contentes ou alegres nessa data e não no restante do ano?

Foi-se o tempo que me deixava levar por isso.

2 de fev. de 2009

Difícil de entender

Difícil de entender esse cara chato, que não se apega a nada.

Parece que olha apenas para o próprio umbigo não se interessando pelas pessoas que o cercam.

Nao se apega a quase nenhuma data, fatos, gestos e atitudes.

Difícil conviver com essa pessoa cada vez mais irritante, que sabe ouvir, absorve e não fala nada.

Absolutamente nada.

Como é complicado tentar entender essa pessoa que sente necessidade cada vez maior de ficar sozinho, isolado, só, parado, mas bem.

Em paz.

E porque essa pessoa não muda? Porque continua agindo como se nuvens e sóis girassem ao seu redor a toa?

Vai entender esse sujeito que não liga pra ofensas, tapas, palavras afiadas e permace inerte.

Inerte, feito uma planta. Apenas observa, analisa, absorve e conclui.

Age com frieza, não liga pra aparências, não faz média e muito menos aparenta bom-humor falso.

Difícil de entender, difícil me aceitar...

Mas não mudarei.

26 de jan. de 2009

Concentração

Concentração, concentração....

Está difícil conseguir concentração.

Nos estudos, no trabalho, nas pessoas e as vezes até no sono.

Por mais que se mova montanhas ou seja possível secar rios, não sei se quero focar em meu foco.

Quanto mais olho a luz, mais a mesma fica no fim do túnel. Mais distante, fina, invisível, imperceptível.

Quanto mais fino se torna o feixe, mais perco a concentração.

Dá vontade de desistir.

23 de jan. de 2009

Necessidade ?

Dias atrás passei por uma situação inusitada.

Andando pelo centro da cidade com meu irmão caçula, parei na frente de um mendigo onde o mesmo estava sentado na calçada, atrás de uma banca de jornal na Rua Cásper Líbero. Me agachei em frente dele e dei minha caixinha da prosperidade (se quiser acreditar e entender o que é isso, leia o um dos posts de Setembro de 2008). Eu, ignorante e crente que ele aceitaria, fiquei surpreso com a resposta do mesmo.

Ele recusou, para minha surpresa.

Não sei se ele sabia o que eu estava fazendo. Ele não sabia o que tinha na sacola, se era dinheiro ou outra coisa. O fato é que ele recusou. Não precisou de mim pra nada, por mais que realmente precisasse.

Durante aquela tarde lembrei de todas as pessoas que ficam se lamuriando a toa, me odiando, sentindo vergonha e me incluindo nesse cinema psicológico, afinal, ainda reclamo de algumas coisas que me faltam acontecer.

Acabei dando a caixinha a um carregador de carroça, também no centro da cidade. É raro me sentir bem do jeito que me senti depois daquele ato.


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NOTA: Devido minha falta de inspiração, conforme demonstrado nesses últimos meses, irei postar uns textos que escrevi durante minhas viagens, sejam insólitas, mentais ou físicas, onde os mesmos estão guardados por meio virtual e celulose. Alguns terei que tirar o pó de cima.

18 de jan. de 2009

O ano mal começou...

... e há algo estranho no ar.

Diferente, inexplicável, intangível.

Não sei se é maléfico ou benéfico,

mas há algo estranho no ar.

Dificilmente minha bruxaria erra essas coisas.