11 de out. de 2009

As Frestas do Escuro


Viroses, procedimentos, prazos e muita falta de paciência fizeram meus dias parecerem deveras curtos, com semanas demoradamente longas. Devido a essa escassez de miseráveis minutos, o Bruxo está com falta de inspiração nas células e neurônios ocupados demais resolvendo outras dimensões. Tudo isso é muito bom para esse caldeirão virtual, que pode ter a felicidade de ler algo realmente bom e divino, como essa poesia escrita pelo meu irmão do meio.

Enjoy!




AS FRESTAS DO ESCURO

sozinho nas frestas do escuro
com lágrimas a verter no olhar
sinto-me triste e solitário
despedaçado e prestes a chorar

com o pouco que me resta de orgulho
tento manter minha dignidade
mas como, se faço parte do entulho
que está a corroer minha humanidade

a vida dá errado o tempo todo
e quando esperamos a bonança
ela insiste em dar errado mais um pouco
e assim vai embora a esperança

a escuridão é sagaz e mordaz
me acolhe com toda tranquilidade
mas só noto o mau que ela me faz
quando choro e não vejo a claridade

sozinho nas frestas do escuro
um lapso que vem a mim e me domina
eu provo do destilado mais puro
de tudo aquilo que abomina

a lágrima finalmente vai cair
mas ninguém a ouve pingar ao chão
minha alma está toda voltada a sentir
mas ao meu redor somente escuridão

por todos os lados escuridão
o deboche dos malditos traidores
a procura em sair da solidão
que seduz, mesmo com todas as dores

A sedução, que é tão desejada
neste caso é sinistra e difamada
pois deixar levar por tão belos braços
é deitar eterno, dar sua última arfada

o amor que oscila quase morto
ecoa pelos céus tão gloriosos
mas como um eco, é vazio e torto
uma sátira de tempos glamurosos

tudo é só um conto de fadas
que custamos tanto a despertar
do que resta, não dá nem pra folhear
pois da vida não há nada que presta

minha vida se esvai entre meus dedos
eu grito, mas nada pode se ouvir
tudo que faço é assistir
o silêncio trazer todos os medos

sei que posso, sei que devo, mas sei?
a coragem não tem somente um gume
requer um outro, alguém que o leve ao cume
mas quando falha, e agora o que farei?

eu quero...
gritar para o silêncio
embriagar minha alma
perder a consciência
perturbar toda essa calma

eu vou...
correr pra lado algum
voar para o inferno
matar o que é comum
cuspir no que é eterno

pois só assim as frestas vão se abrir
mas estou cansado, cansado de sorrir

o fogo tremula imaturo
e oscila, até que finalmente apaga
e deixa uma alma que naufraga
sozinho, nas frestas do escuro.

Jeff BlackJack




OBS: O cara arrasou, né?

4 comentários:

Ciganinha disse...

Muito inspirador!!!

Gueixa disse...

Que lindo, Bruxo...
A familia toda é sensível... E de uma delicadeza tocante.
É comovente. Tanto o poema quanto a sua apresentação.
Parabéns!

Anônimo disse...

Sua sensibilidade é só faixada! Só tem cara de bom moço!

Gueixa disse...

KKKK É Bruxo?
É nada...Ele é do bem...