24 de dez. de 2010

Na reza, pressa.

Enquanto o povo reza, espero o tempo passar e escrevo. Essa é minha empolgação com o Natal, longe da fé que deveria ter e instrínsico com a pressa que come meu dia.

Aliás, tão contrastante quanto água e óleo. Alguns ouvem forró, outros jogam sinuca, outros arrumam malas e pouquíssimos realmente celebram o dia de fato.

Perdeu o sentido. O Natal virou festança. As luzes brilham cada vez mais, os bolsos de um ficam mais vazios e os armários ficam mais cheios de presentes, quase sempre sem sentido.

E os fogos de artifício não param. A festança continua. Dificilmente ouviremos um "pai nosso" ou "ave maria" na janela de alguma família dita cristã, por mais que isto entre em contradição com o cotidiano apostólico romano.

As malas estão prontas, tudo está em ordem e estamos em dia com nosso atraso.

Semana que vem eu volto.

16 de nov. de 2010

A vida ficou pequena

... minuscula.

Por questão de necessidade, entendemos que algumas pessoas se acanhem em girar seu mundo através de crenças, atmosferas alheiras e até em outras pessoas para poderem administrar sua vida própria. A autoconfiança beira a zero e o norte vira sul sem esses parâmetros que se tornaram bússola.

Agora, entregar seu destino e futuro em umas dessas cóleras urbanas é ter pobreza de espírito ou, no mínimo, se autodiminuir.

Muitos não aguentam a solidão e se agarram a crenças. Essas crenças podem ser religiosas (o mais comum) e sociais chegando ao ponto de virar neuróses. As vezes estes dois tipos se fundem. O religioso vira social e vice-versa.

Aí que mora o perigo.

O mundo acaba se tornando perigoso para esta que só pensa em ter alguém com aquele tipo de religião, de pensamento, de modo de vida, de time (sim, pásmem!), de carro, de apartamento, de faxina duas vezes por semana de.. de...

Crenças.

E sua atmosfera, que no princípio da vida era do tamanho do mundo, aos vinte e poucos anos se tornou do tamanho de um armário. O espírito cabe num dedal e sua aura está pedindo para que apertem o botão "off" do abajur.

E sem querer, a vida acaba diminuindo cada vez mais numa doce ilusão de que a felicidade é uma meta, quando apenas se trata de um estado de espírito, quase um caminho.

Sem perceber, a vida ficou minúscula,

Pequena.


1 de out. de 2010

Políticos de Cordel

A ausência do Bruxo neste mero blog não de deve o fato de falta de inspiração ou motivos alheios. A falta de tempo tem contribuído, e muito, para a omissão de cuidados com essa tela.

O Bruxo nunca escondeu seu lado político, mas sempre tentou evitar de falar no mesmo até por respeito as pessoas ao seu lado, sejam pessoais ou virtuais, mas como o assunto do momento até o próximo Domingo não será outro, eis a letra de uma música do gênio Juca Chavez, que teve a infelicidade de se candidatar a Deputado Federal nestas mesmas eleições.

Aproveitem.





Políticos de Cordel

"políticos de cordel, qualquer semelhança com políticos vivos ou mortos é mera coincidência premeditada"

Esse brasil é um puteiro a quiaína dá de novo, pois a puta é o próprio povo, o fregues ou é banqueiro, comerciante ou ladrão.

Político é o cafetão, a polícia cafetina, a imprensa a cocaína que vicia o cidadão.
Um médico é o charlatão, charlatão é o doutor, o estudante é um professor,o professor um vilão e o artista um marginal.

Ontem, hoje tudo igual e amanhã será o que, se a justiça é um crupiê? Vence a banca é natural!

Afinal quem é que fez essa grande confusão? Foi um herói português que expulsando outro francês afundou essa nação. Pois agora a solução é embrulha-la num jornal, devolve-la à Portugal e depois pedir perdão.

Presidente é quem preside, governador, quem governa. Como aqui é uma baderna, um cantador do nordeste disse uma frase batuta:"Se bicudo vem de bica e se grota vem de gruta, conforme a palavra indica, deputado vem de puta"!

Deus ajude que não morra o jeitinho brasileiro. Somos putas então, porra, que viva o nosso putero!

5 de set. de 2010

Heresia

Nos olhos de vidro apenas cansaço,
os mesmos cerrados, mirados, mollhados.
Pensamentos á dentro e na alma, avaria
tentando achar no corpo sinergia

Na memória um museu com os mais belos quadros,
palavras ecoam, passeiam, tudo sem sentido.
Vozes e choros sempre muito ralos,
apenas uma voz ecoa, tão perto, no ouvido.

Outra folha rasgada, outra lágrima no rosto,
dessa caneta agressiva a muito tempo nao ria.
Frases inacabadas, meros esboços,
nunca foi merecimento de tal poesia.

O silêncio me acompanha e não diz o que fazer,
de tanto recomeçar vejo apenas envelhecer.
As palavras eram fugas e nunca sabedoria,
jurei nada á ninguém, nem sequer heresia.

Medíocridade e belezas beirando a ironia,
balbuciando verdadeira e falsa calmaria
Ilusão a um, sinceridade a outro,
e comigo a poesia, minha eterna heresia.

24 de ago. de 2010

Trinta

Já aconteceu de certas situações trinta segundos de espera demorarem mais do que trinta minutos do mesmo.

E as vezes
trinta diálogos numa semana são nada do que trinta palavras bem ditas num relapso mental.

Pode tentar reunir
trinta pessoas queridas, mas nenhuma substitui trinta minutos com a pessoa que realmente te adora

E muitas vezes vale mais a pena andar
trinta metros de marcha ré para seguir mais trinta km a frente.

Acontece de estarmos em
trinta lugares magníficos, mas nada se iguala das trinta horas passadas naquela simples rua.

E na maioria das vezes
trinta segundos de paciência são mais válidos do que trinta anos de experiência.

Neste exato momento o Bruxo nao voltaria os exatos
trinta anos de experiência, mas adoraria passar mais trinta horas naquela rua, ter seus trinta segundos de paciência etc.

Quem sabe nos próximos trinta anos... ou dias?


1 de jul. de 2010

A Ferro e Fogo

Estranho se importar mais com pessoas que conhecemos a pouco tempo do que com pessoas que conhecemos há anos, ou décadas.


E essa "estranheza" não se deve ao fato de tentarmos ter sido diferentes ou, no mínimo, "algo" para esse tipo de pessoa. É simplesmente o fato de estarmos vendo que os mesmos estão seguindo o caminho errado.


Mas mesmo assim tentamos não nos importar. Vamos tratando á ferro e fogo algumas conversas, situações e até momentos, tentando ser o mais oblíquo, agudo e conciso possível para que não mergulhemos de cabeça nesse mar de sentimento, até certo ponto, inútil.


O problema é esse tipo de pessoa colocar a crista de cavalo em seus olhos e achar que agora está com novos princípios de vida. Concordo que depois que saímos de uma prisão sentimental a tendência é abrirmos asas para tudo (ou quase tudo) dentro do possível e imaginável. Algumas pessoas abrem tanto as asas que acabam esbarrando em outras pessoas, invariavelmente e muitas vezes sem se importar com o espaço alheio.


E daí não adianta reclamar. Depois de feito o “passatempo” um dos dois há de se importar mais com o outro. Isso é fato, é natural e é normal. O problema são os dois terem a mesma coerência de pensamento sobre toda essa saga e intenção de ambos.


Como disse um amigo do Bruxo, “existem momentos e momentos” e por mais que os mesmos se cruzam, é muito difícil ambos estarem com a mesma tonalidade, intenção e caminhos semelhantes.


O “Sim” acaba significando realmente sim e o “Não” realmente quer dizer não. Meias-palavras tornam-se meia-hora de reflexão e algumas afirmações fazem a mente girar numa noite inteira de pensamentos.


São nessas horas que compreendemos as palavras e começamos a tratá-las novamente de forma fria, calculista, igual uma máquina (já escrevi sobre isto), mas sem perder a sutileza e leveza da alma.


São nessas horas que começamos a tratar tudo, sejam palavras de forma seca e objetiva e a tratar situações e principalmente pessoas, a Ferro e Fogo.

21 de jun. de 2010

Tinta, papel e rabiscos.

Olhando pela janela entre os chuviscos,
Acabo me perdendo em suas palavras,
Tinta, papel e rabiscos.

O mesmo papel que derretia com lágrimas,
Esvairia a esperança de algo diferente.
Cansado do normal, de nós, da gente

Ao invés de me perder na vida,
Me perdi entre nossas vozes e sons.
Coração machucado, aberta da ferida.

No passado longe ou presente constante,
No ar e coração o futuro é sempre o amor,
Mas na memória e passado prevalece a dor.

E o tempo não perdoa, sempre magoa,
Palavras ao ar e ouvido distante,
Voz ecoando quase sempre a toa.

Dou o último tiro sabendo dos riscos,
Sei que é em vão como a deriva na proa,
Entre tinta, papel e rabiscos.

6 de jun. de 2010

The midnight dreams come true.

Esse poeminha foi feito sem nenhuma revisão, na hora e de forma instintiva. Provavelmente os milhões de leitores encontrarão alguns (ou vários) erros de ortografia e/ou concordância inglesa.

Mas sinceramente, não ligo.



The midnight dreams come true,
and I start to think how much from me you´re far.
Thinking in you I laught alone, so fool,
the sky shinning all the time with our stars.

For a moment, I cry like a child,
so indefense, but dreaming.
Walking on the streets, so wilde,
I´ll never forget this feeling.

I tried to find clouds in the sky,
for a moment my soul are so crue.
Our smiles so true and shy,
I believe the midnight dreams come true.

Two souls together, a fairytale.
But my heart was so hard, like a stone.
I always think on the people with fail,
I almost became a man who walks alone

To me you try to be comprehensive,
and I remember when you was talking.
The breaths in our skins are so intensive,
with our magic I still dreaming.

I don´t know if this is love or just crazy,
again I look to the sky and ask to the moon.
This can be real or a simple fantasy,
I just believe the Midnight dreams come true.

19 de mai. de 2010

O último café da manhã

O despertador tocou as 7:20 horas, como dias atrás.

A única obrigação daquele rapaz era aquela, mais nenhuma. Nas semanas atrás e naquele momento não havia emprego, estudos, tão pouco obrigações, pelo contrário. Seus dias eram cada vez mais diferentes, longos e até certo ponto, inexplicáveis.

Mas ele tinha aquela única obrigação matinal, o que não era nenhum martírio. E tinha total noção, sem mostrar nenhum rancor ou alívio, que aquele seria seu último dia.

Se levantou rapidamente, tomou uma ducha rápida, colocou uma roupa descente e arrumou sua cama. Olhou pela janela do seu quarto e viu, lá de cima do sobrado a linha de trem que ligava a pequena cidade de Liederbach a grande metrópole Frankfurt junto com a imensidão daqueles campos de diversas plantações. O dia estava cinzento e ameno novamente. Em outros dias atrás ele acharia que estaria um frio ímpar, mas se acostumou rápido com aquele ambiente.

Foi direto à cozinha. A mesma estava impecavelmente arrumada. Tudo no seu devido lugar, com um papel de parede de flores amarelas, todos os utensílios de cozinha arrumados e o aroma de limpeza era absurdamente nítida. A chaleira começava a assobiar e imediatamente o rapaz se sentou a mesa com variedades mil para se tomar um café da manhã, mas tudo coisa simples. A riqueza de detalhes em uma simples mesa era fascinante. E mais fascinante ainda era o calendário com os meses de Abril e Maio na outra parede com todos os afazeres anotados metodicamente.

As observações do rapaz foram interrompidas pelo senhor alemão entrando pela porta da cozinha. O nome dele era Heinz. Tinha exatos 92 anos e uma lucidez e vitalidade alucinantes. Herr Heinz era tão ativo que sua destreza em servir a água quente no café do rapaz era igual de um homem de meia-idade.

O rapaz adorava tudo aquilo. Dificilmente alguém lhe servira café nos últimos tempos, alem da rotina paulistana que habitava seu dia-a-dia. Mas o café, os pães alemães e os diversos queijos que estavam na mesa eram mero detalhe para ele. A conversa de Herr Heinz era muito mais interessante do que tudo aquilo, dependendo, mais interessante do que o resto do dia.

O diálogo entre os dois era interessante. Uma mistura dos idiomas inglês e alemão, além de mímicas e adivinhações. Mas nada, absolutamente nada ficava sem ser entendido. Tudo era compreendido podendo demorar minutos para entendimento de apenas uma única palavra que dava sentido a conversa toda. Tudo era feito de forma paciente e com vontade de ouvir e falar de ambos.

Nas manhãs anteriores, Herr Heinz contou histórias mais do que interessantes. Havia contato seus negócios com os turcos e os italianos no bairro de Höchst, a construção de sua casa, os empregados croatas e poloneses ilegais que tinha nos tempos da guerra fria, a morte de seu irmão ao seu lado e seus projetos de engenharia e esconderijos suspeitos na Segunda Guerra Mundial e até sua curta carreira de jogador de Futebol na década de 30.

Mas naquela última manhã a história era diferente. Herr Heinz tomava ar para começar a falar e pausava. Através da janela olhava para o horizonte, pensativo. Tomava ar de novo e parava novamente, como se estivesse prestes a se arrepender do que fosse contar ou pronto á fazer uma confissão. O rapaz mal conseguia tomar seu café de tamanha apreensão e quase deixou derramar a xícara de café observando Herr Heinz de costas á ele, de frente a janela e fogão e olhando a paisagem cinzenta que acalentava aquela manhã.

Herr Heinz, em alemão e sem se importar se o rapaz fosse entender ou não, começou a falar da vida, propriamente dita. O rapaz ficou mais curioso ainda, afinal, um homem de 92 anos sabia como pouquíssimos o significado da mesma. Dizia que nada daquilo tinha mais valor à ele, apontando pela janela para um pequeno prédio que lhe pertencia. Dizia que seu único filho e suas netas não lhe davam atenção suficientes devido as suas atitudes azedas com eles em seus tempos de altivez e jovialidade. Dizia que se importava menos com o sol nascente, com a noite estrelada, com um sorriso de uma criança e com seu passado nebuloso e glorioso. Dizia, com uma lágrima escorrendo sua pele branca e envelhecida, que jamais alguém quis conversar com ele nos últimos 10 anos e segundo ele mesmo disse, com razão. Disse, com a voz trêmula, que aprendeu a ouvir as pessoas graças ao rapaz e aprendeu a falar menos, apenas o necessário, salvo alguma boa conversa. Disse que se tivesse aprendido isso há 50 anos atrás talvez tivesse mais amigos, mais gente ao seu redor e sua família não olhasse para ele com tanto rancor. E disse em voz lenta num bom alemão que até o jovem conseguiu compreender, que ele era o único amigo que talvez entendera toda a sua história, com o coração aberto e limpo, sem rancor ou preconceito, apenas adorando o ato de ouvir. Disse que talvez pudesse morrer em paz.

Naquele instante, o rapaz ficou petrificado. O café não descia mais e o pão ficou imóvel no prato. Seus olhos desciam pelas paredes procurando algum raciocínio, olhando alguma esperança nas palavras que acabara de ouvir e tentando entender tudo aquilo. O máximo que ele conseguiu falar foi um "Vielle Danke" olhando nos olhos de Herr Heinz, sem piscar, reagir ou fazer algum movimento brusco. O rapaz ainda tentou falar algo mais, mas nada saiu. As palavras simplesmente ficaram na mente e ele engasgava tentando emiti-las.

Aquele tinha sido o último café da manhã juntos. Dois dias depois o rapaz voltou á sua terra. Durante a viagem no avião ele lembrava de tudo que tinha passado nesses meses fora de seu país, nas conversas com pessoas de diferentes regiões, sotaques e costumes.

Mas a conversa que mais vinha a cabeça dele era, sem dúvida, o último café da manhã com Herr Heinz.

Após duas semanas em sua terra, o rapaz recebe um e-mail de seu parente vivendo no outro lado do oceano dizendo que Herr Heinz havia sido internado com infecção generalizada e que dificilmente conseguiria escapar da morte.

Na semana seguinte ele recebeu outro e-mail do mesmo parente avisando que Herr Heinz havia falecido, que os médicos haviam feito de tudo para tentar salva-lo, mas seu estado era deveras grave,

Naquele momento o rapaz entendeu aquela conversa no último café da manhã com Herr Heinz. Os olhos dele estavam marejados, uma parte pelo sentimento que havia pego de Herr Heinz, mas a maior parte era pela inestimável lição de vida que infelizmente só foi aprender com a morte de uma pessoa.

Em seguida ele limpou seus olhos, desligou seu computador, deu um abraço em sua mãe e foi conversar com seus irmãos sobre o cotidiano da vida.


Ele queria ouvir tudo e todos.

17 de abr. de 2010

O que ela tem que eu não tenho?

O Bruxo ainda tá tentando descobrir, mas ela tem.

Quanto mais discretos tentamos ser, mais chamativos acabamos nos tornando. Muitas vezes essa afirmação não é exceção, e sim regra de fato. Sumimos, desaparecemos, não sentem a nossa falta, mas quando reaparecemos, discretamente e paulatinamente, nos cobram sentimentos e atitudes foram do padrão. Aí a palavra "extrapolação" perde até o sentido pois algumas pessoas tem a pachorra de cobrar algo que não são obrigadas a receber de outras pessoas cuja a dor interior não é recíproca.

Nessas horas a esperança atrapalha, e muito. Chega a confundir memória com coração. Alguns casos a esperança faz com que essas duas coisas se fundem.

Difícil entender o que se passa na cabeça de uma só pessoa, quanto mais dezenas, centenas, milhares. Ainda mais de mulheres.

E para terminar, eis algumas das frases que as corujas trouxeram ao calabouço do Bruxo nestas curtas-longas semana:

"Você é um escroto, se acha a última bolacha do pacote!"

"Tá pensando que você é quem?"

"Foi assim, avassaladora?"

"Mas vc nem me deu uma chance!"

"Ao escolher ela você está jogando sua chance de ser feliz!"

E finalmente...

"O que ela tem que eu não tenho?"

20 de mar. de 2010

Esse texto foi encontrado num baú cheio de teia de aranha, escrito há algum tempo atrás e ainda nos dias de hoje condiz com alguns pensamentos do Bruxo.


Por mais que magias e consistências físicas cercam nosso redor exterior e interior a Fé faz com que tenhamos indubitável discernimento de aceitar ou não a índole de pessoas estranhas ou conhecidas, novas, senhores e senhoras, amigos e amigas, amores e paixões

Mais calejado que as mãos que escrevem esse texto, está esse coração, tão sofrido de pancadas e chutes chegando ao ponto de se perder a Fé em quase tudo.

Hoje, a única presença calorosa que encontra-se dentro do peito é essa vela acesa nessa noite caótica, fresca, silenciosa e estrelada, igual semanas atrás e apenas com esse pedaço de papel e uma caneta esferográfica azul, segurada de maneira tão simples e frágil mas rabiscando de forma deveras agressiva.

A Fé, que sempre foi a maior companheira e moradora desses muros sentimentalóides, vai-se embora devagarzinho pois cada ano, mês e dia que se passa encontra menos compaixão espiritual, mais arrogância e orgulho e muito mais silêncio alheio. A Fé, que geralmente era o que movia pensamento e pensador, abandonou esse peito porque não encontra mais consciência de amigos, inimigos, amores e pessoas simples e muitas vezes Dele mesmo depois de levar pessoas tão queridas, sem motivos e totalmente de forma injusta.

O corpo tenta não aceitar isso. Tenta manter a Fé dentro dele e cada vez mais se sente cansado mentalmente mesmo mantendo-se disposto fisicamente.

Mas o mundo é feito de injustiça através de pessoas e perguntas graças as suas consciências. As perguntas são o que movem o mundo, e não as respostas. Devido a isso, a Fé teve mais um motivo para abandonar esse mero corpo que um dia gostou de alguém, novamente, de forma incontestável, mas para variar a decepção mergulhou de cabeça nessa piscina sentimental, a mesma piscina que sempre teve espaço para apenas uma pessoa. Aí pergunta-se: Vale a pena? Será que tudo isso é tudo isso? Será que tem correção ou será tudo plágio?

Sim, pessoas plagiam as outras constantemente. As vezes de propósito, as vezes sem querer, mas no fundo somos todos iguais. Todos somos macacos. A Fé, que sabia disso tudo e ignorou desde o início, resolveu dar a cara a tapa e finalmente se importou.

Nem a Rosa que aflorava constantemente esse coração salvou sua persistência. O carnal fala mais alto e o coração fala mais baixo. A Fé tentava dar outros olhos ao coração, mas não tinha como enganar o óbvio.

E a Fé, devagarzinho, foi embora, esvairindo-se desses dedos cansados, desses olhos de vidro muitas vezes marejados, mas jamais foi embora pelas cordas vocais ou neurônios, pelo contrário.

Foi-se embora por todos os pelos e poros. Por pensamentos e instintos e muitas vezes por dores físicas e mentais. Não quis saber. Sem se despedir abandonou esse mero corpo, não frágil fisicamente, mas delicado em relação a outros corpos, irremediavelmente. A Fé deixou tudo isso à francesa, de forma elegante e com total consciência tranqüila, porque sabe que tentou, acreditou, insistiu e lutou. Deixou o corpo ser destruído. O mesmo vendo cada vez menos a deliciosa brancura e pureza dos sonhos, esses cada vez mais longos e intermináveis ao invés de tentar ver a pureza das pessoas. A Fé não queria ser destruída como o corpo está sendo. Preferiu desistir.

Finalmente ela foi embora. A Fé me abandonou.

Finalmente a Fé desistiu.

13 de fev. de 2010

Pluma

No mínimo inusitado e ao mesmo tempo engraçado.

Nossa vida, por mais que tentemos controlar, é incontrolável. Muitas vezes tomamos decisões que mudam radicalmente não só o destino, mas até nossa forma de ser, direta ou indiretamente. Mesmo assim essas decisões, escolhas e planejamentos sofrem algum tipo de desvio cósmico, muitas vezes inexplicável ao ponto de perguntarmos a nós mesmos, e à Ele, se existe algum tipo de intervenção divina em nossas vidas, fazendo que nossos caminhos sejam meros sopros no ar rarefeito, como uma pluma sendo levada pelo vento.

Nossa pluma, tão sensível e delicada, segue sem caminho e fica largada ao relento. Tem pessoas que gostam de viver assim e preferem desse jeito, outras pessoas conseguem guiar essa pluma à algum objetivo, mas ninguém, absolutamente ninguem é dono do destino de fato. Nossos destinos de vida podem até chegarem ao seu objetivo, mas sempre sofrem intervenções inexplicáveis, muitas vezes caminhos opostos e, como um sopro Dele, se desvia até para um caminho melhor, ou pior.

Há 20 anos o país todo passave por uma grande reforma política, social e até comportamental. Finalmente nossos pais podiam votar. Os proletariados tinham mais voz ativa (até demais) e poderíamos sentir o gosto da Democracia, mordernidade estrangeira e contato, de fato, com outros povos e culturas. Tudo era novo. Tudo começou a ficar moderno. E ha exatos 20 anos
minha pluma foi soprada da Ilha da Magia para a paulicéia desvairada. Nada foi planejado, pensado ou estava escrito nas estrelas, pelo contrário. Apenas aconteceu. Na idade infantil cheguei a selva de pedra estranhando quase tudo e estranhando quase nada. O olhar sobre as pessoas era o mesmo, afinal, uma criança olha tudo e todos com a mesma inocência, seja lá onde estiver.

Por um momento parecia que essa viagem era passageira. Alguns costumes, muitas condutas nos e principalmente a educação nos diferem das tribos urbanas, chegando a pensar que não fazemos parte disto aqui. Tentei guiar a plua de volta à minha terra, mas falhei miseravelmente. Na segunda falha aceitei meu destino. Aqui era o meu lugar e nesse lugar viverei por mais aguns anos, décadas, quem sabe? Fato que mesmo me sentido um passageiro fora desse trem conheci pessoas que ficarão encrustradas na minha alma para sempre. Se essa pluma não tivesse sido soprada para fora da Ilha da Magia eu não teria conhecido tamanhas almas generosas. Claro que sempre espetamos a mão em alguns espinhos mas, danem-se. Nada que um curativo trate desses meros arranhões.

Hoje essa pluma está quieta. Não pensa em sair dessa fumaceira e nem desses barulhos infernais que cercam nossa atmosfera 24 horas por dia. Não consegue imaginar se tivesse vivido em outro lugar ou se tivesse conhecido outras pessoas. Pensa-se no futuro, por mais insgtável que seja isso nos dias de hoje.

Por mais que esse Bruxo xingue esse eSPetáculo de cidade e muitas vezes perca a cabeça com ela, agredece, e muito, por ter essa selva de pedra incrustado no seu coração.

Agora, a pluma...

... ainda está presa aqui, mas continuará livre. Muito livre. Apenas os ventos do destino saberão o que fazer com ela.

6 de fev. de 2010

Ao relento com o vento.

As luzes passavam e brilhavam,

mesmo com a mente fechada,

ventos, com carinho, elucidavam,

a pele mais que aguçada.


Meus cabelos esvoaçavam sem parar,

o caminho parecia inacabado.

Pensamentos não queriam mais sessar,

via-se sonho atrasado.


Meu corpo freava e ia,

o coração sempre a palpitar.

Dona Noite disse que ela não vinha,

e no caminho continuava andarilhar


E as luzes não mais brilhavam,

sóis girando, sempre calculados.

Apenas estrelas me acompanhavam

Nossos medos se encontravam enrolados .


A pele não mais sentia,

o destino acompanhava o vento.

Corpo na guia, amor se esvairia,

e o sentimento largado ao relento.

17 de jan. de 2010

Humano Demais

O paradoxo que funde a consciência das pessoas nem sempre (ou quase nunca) pode ser explicado.

Quando somos gentis ao ponto de abrir a porta do carro à uma pessoa ou apenas puxar assunto quando o clima está extremamente ruim somos frouxos, piegas, cafonas ou até intrometidos.

E quando fazemos questão de sermos diretos, concisos e demonstrar que realmente não temos sentimentos a trocar com alguém, somos grossos.


Mas no momento que somos menos humanos nos tornamos mais humanos ainda, afinal, as pessoas se acostumaram com o calejamento interno que tem de outras pessoas fazendo assim uma caparaça espiritual ímpar e impenetrável. Criam bolhas externas e interna de auto-proteção, auto-piedade e se isolam cada vez mais dos outros, além de se comunicarem cada vez menos.

É estranho a reação quando se convida alguém para se tomar um simples café e imediatamente vem uma resposta negativa, pronta, quase que decorada e já formulada na ponta da língua. O convite fica tão esdrúxulo e sem gosto que dificilmente será feito novamente ou, se for feito, será apenas em casos extremíssimos.

Hoje as pessoas tem contato com outras pessoas em diversas regiões do planeta graças a revolução virtual, mas não sabem nem o nome do seu vizinho da sua frente.

Hoje as pessoas se interessam mais pelos problemas do vizinho da frente que nem sabem o nome por mera fofoca do que a pessoa que mora em outra região do planeta, que realmente precisa desabafar.

E assim vai passando ano após ano. Algumas arestas pessoais, intelectuais e até espirituais vão se acertando, mas a raíz do problema leva anos e anos a fio para se arrumar, acertar e depois polir.

Vai passando anos após ano e as rugas, responsabilidades, metas e contatos aumentam, mas os relacionamentos de verdade dimunuem, mas continuaremos a pular as sete ondinhas no último dia da virada do sol, a pedir a Deus, seja lá ele Ocidental ou Oriental, um ano "melhor" ao invés de raciocinarmos para nós mesmos.

Cada vez mais aprendemos a olhar e cada vez menos aprendemos a enxergar.

Cada vez mais aprendemos a achar e cada vez menos aprendemos a ouvir.

Quase sempre omitimos e quase nunca somos verdadeiros.

Passa ano, vem ano e as pessoas se tornam cada vez menos Humanos.

Ou se encontram Humanos demais?

1 de jan. de 2010

Máximas de 2009

Eis algumas máximas colhidas desde o primeiro até o último dia de 2009.



- Saudosismo demais é retrógado.

- Rotular é limitar.

- As vezes o café é companhia melhor do que pessoas.

- Pensamentos demais páram pessoas, mas pensamentos de menos imobilizam os mesmos.

- Morena não é a cor do pecado.

- Os homens não preferem as loiras.

- Sentir medo faz bem.

- Os inteligentes nem sempre estão certos.

- Dinheiro não atrai Fé, mas a Fé atrai dinheiro.

- Fé, da pior forma possível, também separa pessoas.

- É mais nojento vomitar palavras do que vomitar a janta.

- Pessoas te olham, olham, olham, mas não te enxergam.

- Nem sempre quem está ao seu lado te faz companhia.

- Nem sempre quem está ausente te deixa sozinho.

- A melhor luz é aquela enxergada com os olhos fechados.

- Pessoas que gostamos continuarão nos machucando, seja lá quem forem.

- Inevitavelmente machucamos pessoas que gostamos, mesmo sem querer.

- O essêncial é invisível aos olhos. (essa é dela, não minha!)


Ano terminado, página virada. Vamos tudo de novo.