5 de set. de 2010

Heresia

Nos olhos de vidro apenas cansaço,
os mesmos cerrados, mirados, mollhados.
Pensamentos á dentro e na alma, avaria
tentando achar no corpo sinergia

Na memória um museu com os mais belos quadros,
palavras ecoam, passeiam, tudo sem sentido.
Vozes e choros sempre muito ralos,
apenas uma voz ecoa, tão perto, no ouvido.

Outra folha rasgada, outra lágrima no rosto,
dessa caneta agressiva a muito tempo nao ria.
Frases inacabadas, meros esboços,
nunca foi merecimento de tal poesia.

O silêncio me acompanha e não diz o que fazer,
de tanto recomeçar vejo apenas envelhecer.
As palavras eram fugas e nunca sabedoria,
jurei nada á ninguém, nem sequer heresia.

Medíocridade e belezas beirando a ironia,
balbuciando verdadeira e falsa calmaria
Ilusão a um, sinceridade a outro,
e comigo a poesia, minha eterna heresia.