31 de ago. de 2008

Adaptação

A necessidade de ficar sozinho está começando a me assustar.

Quase tudo me irrita. Quase tudo me enche o saco e ultimamente meu humor muda tão rápido que não posso pensar em falar com alguém sem antes me olhar no espelho.

Nao sou mais o mesmo.

Até hoje não considero que eu me conheça muito bem, o que é estranho e convenhamos, ruim. Mas nos dias de hoje está ficando pior ainda. Não consigo fazer planos pra mim mesmo de fazer algo a noite, porque quando anoitece, tô pouco afim de fazer aquilo que eu tinha planejado.

Pros outros estou deixando de existir.

E a única vez que meu sangue sobe é quando algumas pessoas ainda me cobram atitudes, experiências e, pásmem, relacionamentos. Tento ficar em alfa comigo mesmo, mas não consigo, pois penso que a maioria das pessoas cobram isso de mim não por querer algo ou por gostar de mim, mas sim por carência esporádica.

Resumindo, precisam me consumir na hora, mas não pensam em continuidade, quanto menos planejamento. Algumas pessoas precisam de BA ou PA por mera necessidade fisiológica e confesso que não estou afim de fazer caridade.

Finalmente estou sendo egoísta comigo mesmo.

Finalmente estou me colocando em primeiro lugar.

E finalmente não estou pensando no amanhã, mas eu adoraria.

Dentro deste calabouço que ainda tenho coragem de chamar de coração, não há espaço para consentimentos, misericórdia, piedade e consequentemente compaixão.

Estou me sentindo horroroso em não me abrir à ninguém, mas ao mesmo tempo me sinto ótimo sendo dono do meu próprio caminho. Hoje não vejo o vento de escolhas que sempre aparecia pra mim e sim faço o tornado girar ao meu redor, da forma que me sinta melhor.

Mesmo um pouco assustado estou me adaptando aos dias modernos.


23 de ago. de 2008

Vivendo, aprendendo, envelhecedo

Daqui a poucos horas fico mais tio.

Quem convive comigo, sabe que odeio aniversários, quanto mais o meu. Por mais queridas as pessoas ao me redor tentam ser comigo nesta maldita data não consigo gostar. Juro que já tentei, mas não vai. Odeio chamar atenção e nunca gostei de qualquer bajulação pro meu lado, seja lá qual for.

Uma das poucas coisas e lembranças que carrego comigo nesse anos de mísera existência são os meus princípios da infância. Ensinamentos que jamais esqueço e até hoje uso no meu dia-a-dia, por mais bobos que pareçam.

Ou seja, a princípio a idade mudou pouco em mim, mas está me deixando mais careta.

Essa idade está me fazendo egoísta. Está me fazendo arriscar menos porque sei quanto dói uma ferida aberta.

Essa idade me faz olhar pra trás e me arrepender de algumas poucas coisas que deixei de fazer. Coisas importantes.

Essa idade me vacinou.

Vivendo, aprendendo, envelhecendo.

18 de ago. de 2008

Escorri entre teus dedos

Em sua mão você me teve,
e assim, como a areia do tempo,
escorri entre teus dedos.

Dos meus olhos você não saía,
e da lágrima escorrendo em meu rosto,
você escorria da minha vida.

Enjaulado nas paredes da minha alma,
você gritava, sussurrava e pedia,
liberdade era seu lema,
eu não entendia.

Larguei meu ópio,
o vício havia acabado,
e depois da dependência,
me sentia débil, não amado.

Liberdade você tem,
não existe mais jaulas,
o vício mudou de lado,
mas não me sinto ópio.

Escorri entre teus dedos,
nas minhas lágrimas você escorria,
de verdade, você nunca me sentiu,
no meu coração, eu te sentia.

3 de ago. de 2008

Mentira

Ai ai ai,

Um dia a casa cai.

E o meu barraco caiu.

Nesses últimos dias percebi que existem mentiras mais mentirosas que outras. E olha que meu detector é bom.

Mas o pior que mentir é omitir.

Quando vc mente, vc dá o direito de acreditar ou não, diferente da omissão.

A omissão é fria e cruel. Pode até ser pior receber uma tentativa de tesourada no peito em pleno banheiro depois de receber uma cusparada no rosto, mas....

... mesmo assim a omissão é pior.

Acreditar na própria mentira pode ser pior ainda.

E querer acreditar numa pessoa muito querida, mesmo sabendo que está mentindo, será que é o fundo do poço?

Quero desligar meu detector, mas não consigo, uai!