17 de jan. de 2010

Humano Demais

O paradoxo que funde a consciência das pessoas nem sempre (ou quase nunca) pode ser explicado.

Quando somos gentis ao ponto de abrir a porta do carro à uma pessoa ou apenas puxar assunto quando o clima está extremamente ruim somos frouxos, piegas, cafonas ou até intrometidos.

E quando fazemos questão de sermos diretos, concisos e demonstrar que realmente não temos sentimentos a trocar com alguém, somos grossos.


Mas no momento que somos menos humanos nos tornamos mais humanos ainda, afinal, as pessoas se acostumaram com o calejamento interno que tem de outras pessoas fazendo assim uma caparaça espiritual ímpar e impenetrável. Criam bolhas externas e interna de auto-proteção, auto-piedade e se isolam cada vez mais dos outros, além de se comunicarem cada vez menos.

É estranho a reação quando se convida alguém para se tomar um simples café e imediatamente vem uma resposta negativa, pronta, quase que decorada e já formulada na ponta da língua. O convite fica tão esdrúxulo e sem gosto que dificilmente será feito novamente ou, se for feito, será apenas em casos extremíssimos.

Hoje as pessoas tem contato com outras pessoas em diversas regiões do planeta graças a revolução virtual, mas não sabem nem o nome do seu vizinho da sua frente.

Hoje as pessoas se interessam mais pelos problemas do vizinho da frente que nem sabem o nome por mera fofoca do que a pessoa que mora em outra região do planeta, que realmente precisa desabafar.

E assim vai passando ano após ano. Algumas arestas pessoais, intelectuais e até espirituais vão se acertando, mas a raíz do problema leva anos e anos a fio para se arrumar, acertar e depois polir.

Vai passando anos após ano e as rugas, responsabilidades, metas e contatos aumentam, mas os relacionamentos de verdade dimunuem, mas continuaremos a pular as sete ondinhas no último dia da virada do sol, a pedir a Deus, seja lá ele Ocidental ou Oriental, um ano "melhor" ao invés de raciocinarmos para nós mesmos.

Cada vez mais aprendemos a olhar e cada vez menos aprendemos a enxergar.

Cada vez mais aprendemos a achar e cada vez menos aprendemos a ouvir.

Quase sempre omitimos e quase nunca somos verdadeiros.

Passa ano, vem ano e as pessoas se tornam cada vez menos Humanos.

Ou se encontram Humanos demais?

Um comentário:

Gueixa disse...

Prefiro acreditar que nos tornamos mais humanos. Embora as atitudes desmintam isso.
Mas, como o nosso deus e ocidental, portanto o do perdão, tudo pode ser perdoado não é mesmo?
Se fosse o deus oriental, seria diferente. Os nossos atos seriam de nossa inteira responsabilidade para sempre e sempre e sempre.
No fundo eu acho que é assim mesmo, nossos atos são de nossa inteira responsabilidade. Temos que conviver com o resultado de nossas atitudes. Afinal tudo o que fazemos ou dizemos resulta em algo. E esse efeito é o preço que pagamos pelo que fazemos e /ou dizemos.
Voce tem razão Bruxo é um saco mesmo!
bjs