13 de fev. de 2010

Pluma

No mínimo inusitado e ao mesmo tempo engraçado.

Nossa vida, por mais que tentemos controlar, é incontrolável. Muitas vezes tomamos decisões que mudam radicalmente não só o destino, mas até nossa forma de ser, direta ou indiretamente. Mesmo assim essas decisões, escolhas e planejamentos sofrem algum tipo de desvio cósmico, muitas vezes inexplicável ao ponto de perguntarmos a nós mesmos, e à Ele, se existe algum tipo de intervenção divina em nossas vidas, fazendo que nossos caminhos sejam meros sopros no ar rarefeito, como uma pluma sendo levada pelo vento.

Nossa pluma, tão sensível e delicada, segue sem caminho e fica largada ao relento. Tem pessoas que gostam de viver assim e preferem desse jeito, outras pessoas conseguem guiar essa pluma à algum objetivo, mas ninguém, absolutamente ninguem é dono do destino de fato. Nossos destinos de vida podem até chegarem ao seu objetivo, mas sempre sofrem intervenções inexplicáveis, muitas vezes caminhos opostos e, como um sopro Dele, se desvia até para um caminho melhor, ou pior.

Há 20 anos o país todo passave por uma grande reforma política, social e até comportamental. Finalmente nossos pais podiam votar. Os proletariados tinham mais voz ativa (até demais) e poderíamos sentir o gosto da Democracia, mordernidade estrangeira e contato, de fato, com outros povos e culturas. Tudo era novo. Tudo começou a ficar moderno. E ha exatos 20 anos
minha pluma foi soprada da Ilha da Magia para a paulicéia desvairada. Nada foi planejado, pensado ou estava escrito nas estrelas, pelo contrário. Apenas aconteceu. Na idade infantil cheguei a selva de pedra estranhando quase tudo e estranhando quase nada. O olhar sobre as pessoas era o mesmo, afinal, uma criança olha tudo e todos com a mesma inocência, seja lá onde estiver.

Por um momento parecia que essa viagem era passageira. Alguns costumes, muitas condutas nos e principalmente a educação nos diferem das tribos urbanas, chegando a pensar que não fazemos parte disto aqui. Tentei guiar a plua de volta à minha terra, mas falhei miseravelmente. Na segunda falha aceitei meu destino. Aqui era o meu lugar e nesse lugar viverei por mais aguns anos, décadas, quem sabe? Fato que mesmo me sentido um passageiro fora desse trem conheci pessoas que ficarão encrustradas na minha alma para sempre. Se essa pluma não tivesse sido soprada para fora da Ilha da Magia eu não teria conhecido tamanhas almas generosas. Claro que sempre espetamos a mão em alguns espinhos mas, danem-se. Nada que um curativo trate desses meros arranhões.

Hoje essa pluma está quieta. Não pensa em sair dessa fumaceira e nem desses barulhos infernais que cercam nossa atmosfera 24 horas por dia. Não consegue imaginar se tivesse vivido em outro lugar ou se tivesse conhecido outras pessoas. Pensa-se no futuro, por mais insgtável que seja isso nos dias de hoje.

Por mais que esse Bruxo xingue esse eSPetáculo de cidade e muitas vezes perca a cabeça com ela, agredece, e muito, por ter essa selva de pedra incrustado no seu coração.

Agora, a pluma...

... ainda está presa aqui, mas continuará livre. Muito livre. Apenas os ventos do destino saberão o que fazer com ela.

Um comentário:

Gueixa disse...

"Muitas vezes tomamos decisões que mudam radicalmente não só o destino, mas até nossa forma de ser..."
"Na idade infantil cheguei a selva de pedra estranhando quase tudo e estranhando quase nada."
"Alguns costumes, muitas condutas nos e principalmente a educação nos diferem das tribos urbanas, chegando a pensar que não fazemos parte disto aqui. Tentei guiar a plua de volta à minha terra, mas falhei miseravelmente."
"Fato que mesmo me sentido um passageiro fora desse trem conheci pessoas que ficarão encrustradas na minha alma para sempre. Se essa pluma não tivesse sido soprada para fora da Ilha da Magia eu não teria conhecido tamanhas almas generosas."
"Por mais que esse Bruxo xingue esse eSPetáculo de cidade e muitas vezes perca a cabeça com ela, agredece, e muito, por ter essa selva de pedra incrustado no seu coração."

Bruxo, pincei frases de seu texto pois não conseguiria dizer melhor.
Esse jeito apressado, meio de que não está prestando atenção a ninguem,nem sequer enxergando as pessoas que estão à nossa frente, ou ao nosso lado, nada mais é do que defesa. Nós paulistanos somos seres que não sabemos dizer não. Preferimos não responder, rsrsrs (um de seus choques?).
Sou Paulistana "da gema" e ainda não consegui entender satisfatoriamente São Paulo.Mas amo essa cidade... Ela tem uma beleza fora do comum. Não é nenhuma "bonequinha de luxo".
Caetano já descreveu a "deselegância discreta" das meninas daqui.Falou também da "dura poesia concreta" de nossas esquinas, da "força da grana que ergue e destrói coisas belas"
Disse a frase que traduzia São Paulo quase que definitivamente: "és o avesso do avesso do avesso do avesso."
São Paulo é como uma mulher. É tinhosa, brava, cheia de vontades. Não se curva a ninguém. Mas quando a gente passa a conhecer essa "moça", temos certeza de que nunca mais a esqueceremos.
Voce chamou sua cidade natal de Ilha da Magia, denotando que o carinho, o afeto e os laços com ela permanecem...
Essa é outra das caracteristicas de São Paulo. Cidade de migrantes e imigrantes, todos esses seres que vêm pra cá, não rompem seus laços com suas terras...Diferente do Rio de Janeiro, por exemplo, onde os que para lá vão, assumem a cidade como sua.
Nossa "moça" não consegue isso. Os que aqui vivem ,não desenvolvem afeto, declarado pelo menos, por essa menina mimada rsrsrs.
Mas a melhor definição de São Paulo que eu ja li é: "São paulo é um mosaico de utopias"

Por fim, ainda bem que o Sopro Divino, direcionou a sua pluma ora nós.