5 de jul. de 2008

Não cabe mais gotas

Depois de redescobrir pessoas e fatos,
de tanto tempo que se passou, passei o passado a limpo.

Deste outono sem fim, interminável,
interminente vejo quanto tempo se passou.

Envelheci 10 anos em poucos meses,
E nesse outono, em poucos meses, vi 10 anos.
Uns bons, outros ruins.

Infelizmente percebo que sou independente,
sou poeira, mutante, coração, intangível.

Por mais que queiram, ninguém me abraça.
Por mais que queiram, ninguém reclama.
Para poucos, sou sonho,
para muitos, pesadelo.

Quero ser pensamento, mas não quero.
Não quero ser inesquecível, as vezes, sou.
Muitas vezes me arrependo.

Hoje não apenas vejo, mas enxergo.
Sim, mais crítico do que antes.
Sou sacal, intolerável,
conciso e emoção.

Torço para que transborde,
mas meu pequeno copo de compaixão está cheio.
Não cabe mais água,
não cabe mais gotas,
nem mais uma gota,
não cabe mais nada,
mais ninguém.

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